2007-11-25

relato problemas ambientais de Araranguá

Breve e resumido relato dos principais problemas socioambientais do município de Araranguá, encaminhados ao Ministério Público Estadual desta Comarca, na expectativa que surja um democrático debate na busca de soluções entre os órgãos responsáveis, a administração municipal e a sociedade civil organizada.



Com a intenção de contribuir procuraremos informar com um olhar socioambiental os problemas e conflitos ambientais do município de Araranguá, que continuam sendo os mesmos de sempre. A busca pela sobrevivência faz com o homem exerça uma pressão desordenada sobre os recursos naturais, promovendo impactos ambientais muitas vezes de irreversível recuperação. Iniciaremos pelo mais importante recurso natural do município, o rio Araranguá, que vêem ao longo das últimas décadas recebendo diariamente resíduos piritosos da atividade carbonífera, causando não só prejuízo ambiental, mas socioeconômico, pois a poluição baixa o pH da água a níveis intoleráveis a qualquer tipo de vida, como os valiosos peixes, não permitindo assim que centenas de famílias possam através da pesca complementar a escassa ceia alimentar. A agricultura despeja agrotóxicos sem nenhum critério, a rizicultura extrapola com a irrigação comprometendo a dinâmica dos lençóis freáticos e devolvendo a água com toneladas de impurezas aos rios. Os postos de combustíveis largam clandestinamente resíduos de óleo no rio, o esgoto também vai para o rio junto com o lixo ou tudo aquilo que não serve mais para o consumo humano.

No Morro dos Conventos, a ameaça à integridade do ecossistema é permanente. Construções irregulares, desmatamento de mata nativa e circulação de veículos sobre áreas de restinga e dunas eólicas. O mesmo pode-se dizer do estuário do rio Araranguá, incluindo Ilhas, Barra Velha e Morro Agudo. O sistema lagunar incluindo a Lagoa Mãe Luzia, dos Bichos, da Serra e do Caverá sofrem com o indevido uso de suas águas. O remanescente de Mata Atlântica do Fundo Grande sofre com desmatamento e caça predatória todos os fins de semana. Outro recurso natural que está seriamente comprometido é o açude Mané Angélica, como também o banhado entre a XV de Novembro e a Iracy Luchina.

A cidade de Araranguá já foi uma das mais barulhentas do estado de Santa Catarina, como por exemplo, na passagem da rodovia BR-101. O EIA-RIMA da duplicação apontou 86 decibéis, o maior índice de todo o trecho entre Palhoça e Osório. A partir de 2002, alguns jovens passaram a incrementar seus veículos com potentes sons para circularem nas vias públicas, tanto de dia quanto a noite e mesmo na madrugada dos fins de semana. Atualmente pode-se afirmar que houve uma redução, mas todos os dias ainda ‘’se escuta na marra’’ esta idiota programação musical. No final de 2006, os jovens resolveram retirar o silenciador do escapamento (descarga) para produzir um ‘’ronco mais legal’’ no motor, mas junto retiram o catalizador, emitindo gases poluentes para a saúde pública e para o aquecimento global. Calcula-se que mais de 500 veículos e motos circulam com esta irregularidade em Araranguá. Motos circulam com descargas alteradas produzindo ruídos ensurdecedores, principalmente nos finais de semana, provocando pânico em pessoas enfermas, crianças e idosos. Carros de som com propaganda comercial extrapolam os decibéis permitidos e não respeitam colégios, casas de saúde e igrejas. Enfim, infrações bem mais prejudiciais que estacionar em local proibido, mas que não são devidamente fiscalizadas pela polícia e a administração municipal.

Um outro grave problema que atinge toda a Comarca de Araranguá é o maltrato aos animais, desde os abandonados cães de rua até o bárbaro abate de animais. Para exemplificar, na semana passada mataram cinco cães na Coloninha, há dois meses quebraram a perna de uma idosa cadela muito popular na cidade, chamada de Catita. A Associação Bom pra Bicho não dispõe de recursos para atender a grande quantidade de animais com doenças, transformando-se, portanto num problema de saúde pública. No Maracajá existe um frigorífico que mata os animais a pauladas, quando já existem armas consideradas apropriadas para o abate humanitário (com o menor sofrimento possível).

As soluções mais adequadas para os problemas e conflitos apresentados são várias, mas de difícil iniciativa da sociedade e do setor privado, como também por parte das administrações, tanto municipal quanto estadual. Como também é função das ONGs atuar nas questões de interesse ecológico que o Estado trata com descaso ou quando muitas vezes é omisso.

Como dá para perceber o cenário é desolador e preocupante, por isso contaremos com a parceria do Ministério Público Estadual no que for viável e possível nesta empreitada pela preservação da natureza e por uma melhor qualidade de vida para a Araranguá e região.



Sócios da Natureza

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UM OLHAR SOCIOAMBIENTAL

UM OLHAR SOCIOAMBIENTAL

Mitt foto
Araranguá, Sul de SC, Brazil
Nascido em 22/07/1951, em Praia Grande/SC, na beira do rio Mampituba, próximo às encostas dos Aparados da Serra, portanto embaixo do Itaimbezinho, o maior cânion da América do Sul, contudo, orgulha-se de haver recebido em 2004, o Título de Cidadão Araranguaense. Residiu em Fpolis onde exerceu por dez anos a função de projetista de edificações e realizou o documentário em Super 8 sobre as eleições pra governador em 1982, onde consta em livro sobre a história do Cinema de SC. Casado, pai de dois filhos (um formado em Cinema e outro em História) reside em Araranguá. Instalou uma das primeiras locadoras de vídeo do estado. Foi um incansável Vídeomaker e Fotógrafo. Fã de Cinema sempre. Ativista ambiental da ONG Sócios da Natureza (Onde assumiu a primeira presidência do Comitê da bacia hidrográfica do rio Araranguá – na época um fato inédito no ambientalismo). É um dos autores do livro MEMÓRIA E CULTURA DO CARVÃO EM SANTA CATARINA: Impactos sociais e ambientais. www.vamerlattis.blogspot.com